Inventem-se novos árbitros




Hoje decorreu a segunda edição do Campeonato Nacional de Esperanças, em Arnelas. Em competição estiveram cerca de 400 atletas de vários clubes do país, que encheram a pequena e acolhedora aldeia de Arnelas. Esta foi das provas mais participadas do nacional e a competição era feroz. A boa disposição de centenas de jovens, treinadores, famílias, simpatizantes e um belo arco-íris de canoas, tornaram esta manhã de domingo um belo dia para a competição de canoagem.
O início das competições fez-se sem delongas e em terra ouviam-se as "torcidas" constantemente apelaram à força dos músculos do atletas. Os árbitros conseguiram bons alinhamentos de partida sem grande esforço, em parte pelo esforço e "fair-play" de todos atletas que têm vindo a adoptar.
Contudo, lá longe de todos os ouvidos e dos olhos de muita gente, os atletas lançam palavras e esgrimam as pagaias para ganhar um lugar na melhor posição de partida. Aqui perto da primeira viragem, no afunilamento para cortar o mais próximo das bóias de viragem, as pessoas e árbitros conseguem ver como se debatem os atletas para a viragem mais eficaz. Lá longe, onde as canoas se tornam linhas pouco definidas, acontece que por vezes, a procura da melhor viragem é feita brutalmente tipo carrinhos de choque e as pagaias voltam a esgrimir-se. Por vezes estas espadas aquáticas entram pelos cockpits das canoas e rasgam joelhos - doloroso mas suportado pelos atletas.
Mas o que é mais doloroso para um atleta é cair da canoa ou essa queda ser-lhe provocada por outro atleta. A prova está perdida nesse momento.
Se a culpa é do atleta aguenta-se com os remorsos. Mas se a queda foi provocada por tangente arrojada ou por mera indiferença ao resultado de uma atitude, isso é grave e penalizável.
Alguém viu? Apenas os atletas que passavam, o que provocou a queda e o lesado. Talvez uma outra pessoa na margem. Os árbitros, esse bem escasso, concerteza não viram, nem estavam lá.
Alguns deles estão a confirmar passagens, outros no funil de acesso à água, um ou outro no barco de partida e os restantes, se houver, andam a pavonear-se com o polo da FPC pela praia e nada mais fazem que isso.
O nosso atleta caiu à água, provocado por choque directo de outrém, e não há um simples árbitro que tenha a função de estar nestas zonas críticas a zelar pelo cumprimento das regras em nome da competição justa.
Não há penalização para o atleta provocador por falta de provas e tudo passa incólume menos a verdade desportiva e os valores de um atleta cumpridor.
Por que hoje o nosso atleta sofreu um choque por uma aproximação irreflectida e precipitada de outro atleta, caiu à água e perdeu a competição. Perdeu semanas senão meses de treino. Perdeu a sua moral. Perdeu a vontade de ser justo. Perdeu as Esperanças.

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